As pessoas que sofrem de condições médicas que reduzem os níveis de ocitocina sofrem mais dificuldades ao executar tarefas que exigem empatia, de acordo com uma nova pesquisa apresentada na conferência anual da Society for Endocrinology, em Brighton, Inglaterra. A pesquisa é a primeira a estudar seres humanos com nível reduzido de ocitocina e sugere que a reposição hormonal poderia melhorar o bem-estar psicológico dessas pessoas.
A ocitocina é muitas vezes referida como o “hormônio do amor” devido ao seu papel nos comportamentos humanos, incluindo excitação sexual, reconhecimento, confiança, ansiedade e vínculo entre mãe e filho. É produzida pelo hipotálamo – uma área do cérebro que controla o humor e o apetite – e armazenada na glândula pituitária, um órgão do tamanho de uma ervilha localizada na base do crânio.
Pesquisadores da Universidade de Cardiff investigaram o comportamento empático em pessoas que suspeitavam ter níveis de ocitocina reduzidos devido a uma de duas condições médicas causadas pela cirurgia pituitária. O estudo avaliou 20 pessoas com diabetes insípido craniano (CDI). No CDI, o corpo tem níveis reduzidos de ADH – um produto químico também produzido no hipotálamo e estruturalmente muito semelhante à ocitocina. Eles também avaliaram 15 pessoas com hipopituitarismo (HP), uma condição em que a glândula pituitária não libera hormônios suficientemente. Estes dois grupos de doentes foram comparados com um grupo de 20 controles saudáveis.
Foram dados a todos os participantes duas tarefas destinadas a testar a empatia, ambas relacionadas com o reconhecimento da expressão emocional. Também mediram os níveis de ocitocina de cada grupo e descobriram que os 35 participantes (CDI e HP) apresentavam níveis do hormônio ligeiramente inferiores, em comparação com os controles saudáveis, embora uma amostra maior seja necessária para estabelecer significância estatística. Os pesquisadores observaram que os grupos CDI e HP apresentaram resultados significativamente piores em tarefas de empatia, em comparação com os controles. Em particular, a capacidade dos participantes do grupo CDI para identificar expressões foi predita pelos seus níveis de ocitocina – aqueles com níveis mais baixos produziram piores desempenhos.
“Este é o primeiro estudo que observa o nível de ocitocina como resultado de transtornos médicos, ao contrário de psicológicos”, afirmou Katie Daughters, pesquisadora principal. “Se replicado, nossos resultados sugerem que também é importante considerar condições médicas com um risco de baixos níveis de ocitocina.”
“Pacientes que foram submetidos à cirurgia pituitária e, em particular, aqueles que adquiriram CDI como consequência podem apresentar níveis reduzidos de ocitocina. Isso pode afetar seu comportamento emocional e, por sua vez, afetar seu bem-estar psicológico. Nesses casos, talvez devêssemos considerar a introdução da verificação do nível desse hormônio.”
Os pesquisadores esperam expandir seu estudo a fim de replicar e confirmar suas descobertas. Este estudo apresenta apenas resultados preliminares e não foi revisado por pares.
Fonte: PsyPost
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